top of page

LA DANZA DE LA PAJARITA

dança

LA DANZA DE LA PAJARITA é um desafio cênico-poético com o qual Dodi se presenteou há alguns anos. O programa performativo é simples: vestir-se com roupas de tecido longo e movimentar-se livremente em uma coreografia em diálogo com o espaço público, explorando linhas urbanas no seu corpo e gestos. Com seu traje preferido para esta experiência: uma calçaia (calça + saia) vermelha. Usa-a como um estímulo ao movimento que ela permite, por ampliar sua imaginação sobre o que pode seu corpo trans.

Dodi realizou esta experiência em algumas cidades. Cada uma delas guarda um quê de mistério dadas as suas distâncias tendo como referente sua procedência. Dodi é de São Paulo e vive na Bahia. A pajarita nasceu durante o percurso de sua pesquisa de doutorado no Instituto de Psicologia da USP, sobre performatividade transgênera, quando se deu a fazer uma pesquisa genealógica de  sua família, como um modo de tentar compreender o que seria a categoria transcestralidade. Dodi aprendeu com a autohistória de Anzaldúa que a mestiçagem pela qual passou seu corpo do ponto de vista das origens étnicas indígenas (seu pai provém do sul do Piauí) e brancas (a família de sua mãe provém do norte de Portugal e do Sul da Espanha) tem que ver com uma hibridização de gênero também. Por seu turno, com a auto-genealogia de Jodorowsky, Dodi aprendeu a asserção de Jean Cocteau de que a árvore genealógica é a árvore onde melhor canta um pássaro.

Em sua pesquisa, Dodi formula a concepção de árvore transgênero-alógica (em contraste com a árvore cisgênero-lógica) como sendo o processo de criação poética de gênero sobre nossa própria história. Então, Dodi se tornou sua própria passarinha e resolveu ir dançar nas cidades de procedência da sua família para perceber novas filiações, novas possibilidades de constituir-se enquanto a mulher que é.

Mas não apenas dançou. E quando dançou, dançou em outras cidades que não constam na árvore cisgênero-lógica reprodutivista. Dodi sempre procurou o registro fotográfico destas experiências. E, em geral, pedia para alguém que passava pelos lugares para tirar umas fotos. E dizia que era uma performance, para que tirasse várias fotos seguidas enquanto fazia sua dança. Em 2019, já um ano depois de concluir o doutorado, Dodi dançou em Madrid e Montilla na Espanha; em Grenoble na França; em Shanghai na China; e na Cidade do México, no México.

Eis que chega a pandemia de 2020 e Dodi fica confinada em sua própria casa, em Porto Seguro/BA. A passarinha tinha a dança como uma forma de voar, de deslocamento. O que seria então dançar confinada? Como explorar a própria casa?

 

Nos meses iniciais da pandemia, Dodi fez uma experiência muito libertadora da pajarita em sua casa, no dia 24/05/2020: criou a obra de video-dança The confirmed confinement of pajarita com a qual experimentou dançar em sua própria casa. 

Esta obra é um diálogo cênico-performativo do corpo com os lugares da cidade, sendo que está em questão a interveniência do corpo no espaço e do espaço no corpo, sem dicotomizá-los, e expandido as estruturas convencionais do acontecimento cênico da dança.

The confirmed confinement of PAJARITA - Dodi Leal (Porto Seguro / Bahia - Brazil 2020) 4'51''

What are the strategies for keeping birds free if they need, at this point, to confirm their confinement? Continuing the photographic series of research by performer Dodi Leal prior to the 2020 coronavirus pandemic, "La danza de la pajarita", this short video brings the study of the freedom of the body even in confinement. She explores her own backyard to stimulate her self-intimacy, her contact with sunlight and the strategy of celebrating body movements through dance. The relation of embodied life with the space of the house is investigated, then, from the lines of resistance of the matrixes of Brazilian dances. For this study of body politics in confinement, the short video edition of the performer features the song Braille, by Brazilian singer Rico Dalasam, which is a reflection on body reading, inspired by the braille language, used by people who are visually impaired. In this sense, vision (or blindness) can be clues to the resistance of body movement in the age of social distancing.

 

Video dance conceived and interpreted by Dodi Leal.

(Porto Seguro / Bahia - Brazil 2020)

 

Music: Braille

Rico Dalasam feat. Dinho

Horizonte Produções, 2019

CLIPPING

bottom of page